Foi num dia de Outono que a minha vida de submisso começou. Passados todos estes anos ainda sei exatamente em que dia foi, até sei a hora e o minuto. Duvidam? Foi no dia 28 de novembro de 2007. Era quarta feira e estava uma tarde triste, com um nevoeiro intenso que molhava tudo em que tocava. Eram 14 horas e sete minutos quando Ela se sentou na minha mesa e me dirigiu a palavra pela primeira vez.
Para ser completamente honesto já a tinha visto varias vezes naquele local, por isso não posso dizer que o nosso encontro foi uma enorme coincidência da vida. Há cerca de dois meses que vinha todos os dias a esta cafeteria com a esperança de a ver. A primeira vez que a vi isso sim foi uma coincidência. Entrei nesta cafeteria porque o local onde normalmente tomava café tinha a maquina de tabaco avariada, por isso vim a esta para comprar. Foi aí que a vi pela primeira vez.
A minha primeira impressão foi que Ela era uma Mulher linda. Uma beleza de traços mediterrânicos, pele oliva bem cuidada, cabelo negro liso impecavelmente penteado e olhos âmbar. O corpo com linhas perfeitas bem visíveis nos contornos do vestido que não sendo provocante também não fazia o suficiente para as esconder. Os sapatos de tacão alto acrescentavam uns bons 10 cm à sua altura, que não deveria passar muito do 1,60cm. O seu especto elegante e profissional deu– me a indicação que deveria trabalhar numa das inúmeras consultoras nas torres vizinhas, ou talvez num escritório de advogados. A visão de Mulheres como Ela não era invulgar naquela zona da cidade, muito pelo contrario. era até perfeitamente vulgar. Inúmeras vezes por dia me cruzava com Mulheres como Ela. Bem, como Ela não. Bonitas como Ela, sim. Vestidas de forma elegante como Ela, sim. Com o corpo cuidado como Ela, sim. Mas como Ela, não.
O que me chamou à atenção, o que a fez destacar de todas as outras Mulheres bonitas com quem me cruzava diariamente, foi a forma como Ela encarava tudo que a rodeava. O seu olhar indicava uma confiança e uma força inabalável, como se fosse a dona do mundo. A forma educada, mas firme e precisa como pediu o seu café curto em chávena fria. A forma como o tomou ignorando tudo à sua volta, como se fossem distrações menores para as quais não tinha tempo. A forma calma, mas decidida como saiu, com toda a gente com quem se cruzava a sair do seu caminho, quase com reverencia.
Como é obvio Ela nem reparou em mim. Para Ela eu era mais um tipo qualquer que cruzou momentaneamente o seu caminho e que não merecia um pingo da sua atenção.
Eu fiquei ali parado a olhar, a vê– la. Não posso jurar, mas tenho quase a certeza que tinha o queixo caído de espanto e admiração. Passada a minha surpresa, e um pouco envergonhado por ter ficado ali especado no meio do caminho, dirigi– me a porta e voltei para o meu local de trabalho só aí reparando que me tinha esquecido de comprar o tabaco.
Desde que a vi pela primeira vez comecei a ir todos os dias aquela cafetaria tomar café depois do almoço, com esperança de a ver. Normalmente sentava– me numa mesa que desse para ver todo o percurso da porta até ao balcão, de forma a poder vê– la o máximo de tempo possível e quase todos os dias a via. Tornou– se quase uma obsessão. Quando por motivos profissionais não podia ir ficava intratável no trabalho, furioso, explodindo de raiva à menor coisa. Quando eu lá estava e Ela não aparecia ficava triste e deprimido, pensando que Ela não iria voltar, e que eu não iria voltar a vê– la. Por varias vezes ensaiei uma forma inteligente de meter conversa com Ela, criei cenários em que arranjava um pretexto para a conhecer, mas quando Ela aparecia a minha coragem desaparecia e nunca o fiz.
Voltando ao dia D, nada me fazia antever que esse iria ser um dia especial. Entrei na cafeteria pouco antes das duas e procurei uma mesa livre estrategicamente colocada. Pedi um café e esperei ansiosamente que Ela chegasse, que me desse o prazer de ter um breve vislumbre seu. Pouco depois.Ela entrou. Vinha com uma gabardine de bom corte, provavelmente de uma marca qualquer chique que eu não conhecia. Não conseguia perceber o que trazia por baixo, pois apenas conseguia ver uns dois cms de meias pretas entre a gabardine e umas belas botas pretas over the knee, com uns longos saltos, completamente justas à sua perna torneada. Estava sexy. Muito sexy. Ela era sempre, mas nesse dia estava especialmente sexy. Não consegui tirar os olhos das suas botas enquanto Ela atravessou toda a cafeteria e se dirigiu ao balcão.
Ela pediu o seu café, e então deixou de ser um dia normal. Em vez de tomar o café normalmente no balcão, como sempre fazia, pegou nele e sem qualquer hesitação atravessou a cafetaria em minha direção. Instintivamente olhei de forma disfarçada em volta para tentar perceber se havia alguma mesa livre por perto, ou se havia alguém que aparentasse estar à espera dela, mas Ela parecia vir direita à minha mesa. E vinha. Pousou o seu café na mesa, sentou– se na cadeira em frente a mim, inclinou– se na minha direção, olhou– me diretamente nos olhos com um olhar severo e disse:
– Gostaste de olhar? Já viste tudo o que querias ver, ou queres que de uma volta para apreciares melhor?
Não o disse num tom de voz elevado, mas foi perfeitamente audível para as pessoas que se encontravam nas mesas mais próximas, o que me garantiu alguns olhares de lado, a tentar perceber o que se estava a passar. Fiquei vermelho como um tomate. Imediatamente desviei o olhar com vergonha. Tentei responder que não era nenhum tarado, que não estava a olhar, mas entre gaguejos nada de jeito saia.
Após alguns segundos (que me pareceram uma eternidade) a ver-me a abrir e fechar a boca como um peixe fora de agua, Ela reclinou-se para trás e o ar severo transformou-se num sorriso provocador. Cruzou as pernas e começou a beber tranquilamente o seu café, como se nada se tivesse passado, como se não tivesse acabado de largar uma bomba atómica na pasmaceira que era a minha vida.
– Só estava a tomar o meu café tranquilamente. Não estava a olhar para nada em especial. – consegui finalmente articular.
– Hum … pensei que vinhas aqui todos os dias só para me ver. Vou ficar desiludida se me disseres que estou enganada. – respondeu Ela fazendo um ar coquete.
– Hã! Hmmm ! Hã!
– Então? Vens ou não para me ver? – insistiu Ela levantando ligeiramente uma sobrancelha.
– Venho – murmurei envergonhado baixando o olhar para a mesa.
Um sorriso de satisfação surgiu na sua face.
– Lindo menino. Vou– me divertir tanto contigo…
– O que? – perguntei eu, pensando que tinha ouvido mal. Menino? Ela devia ter no máximo 25 anos, talvez menos um pouco. Eu era seguramente mais velho que Ela uns 10 anos, ou mais. Menino? Como menino?
– És casado? Vives sozinho?
– Sou solteiro e vivo sozinho.
– Dá-me o teu numero de telefone.
Prontamente ditei o numero do telemóvel, que Ela apontou no seu.
– Já agora, o meu nome é João. Posso ficar também com o teu numero?
– Não. Quando e se arranjar um uso para ti eu entro em contacto.
Dito isto levantou-se, deixando-me completamente perplexo com o rumo que a nossa conversa tinha tomado. Há meses que pensava no momento em que iria conseguir chegar à fala com Ela, mas nunca imaginei que corresse desta forma. Levantei-me também e dirigi-me para o escritório. Tudo tinha sido tão surreal que pelo caminho cheguei a pensar se tinha acontecido mesmo ou se tinha imaginado.
Mal cheguei ao trabalho dediquei-me ao conforto das tarefas mais rotineiras. Normalmente é algo que eu detesto, mas os ecos da conversa que tinha tido com Ela (se é que se pode chamar aquilo de conversa) ainda retumbavam na minha cabeça e não me sentia capaz de fazer algo de muito complicado.
Bzzt Bzzzt! Bzzt Bzzzt!
O telemóvel vibrou com uma mensagem de texto. Era de um numero para mim desconhecido, mas mesmo sem ler o conteúdo da mensagem sabia que era dela.
ESTÁS A TRABALHAR?
Imediatamente respondi.
SIM ESTOU. TU?
Bzzt Bzzzt! Bzzt Bzzzt!
ESTAVA A TENTAR TRABALHAR
Bzzt Bzzzt! Bzzt Bzzzt!
MAS ESTOU DEMASIADO EXCITADA PARA ISSO.
Bzzt Bzzzt! Bzzt Bzzzt!
ESTOU TODA MOLHADA.
Bzzt Bzzzt! Bzzt Bzzzt!
PRECISO DE UM ORGASMO JÁ
Os meus olhos quase que saltaram das órbitras. Fiquei ali com o telemóvel nas mãos sem saber o que responder.
Bzzt Bzzzt! Bzzt Bzzzt!
QUERO A TUA MORADA.
Nem pensei duas vezes nas possíveis consequências de dar a minha morada de casa a uma pessoa que não conhecia (alias nem sequer sabia se era mesmo Ela que me estava a enviar as mensagens) e respondi. Fiquei à espera que Ela me respondesse de volta. Talvez a propor um encontro para essa noite ou algo no género. Cinco minutos passaram, sem resposta. Depois mais cinco e nada. Ao fim de meia hora comecei a ficar apreensivo. E se Ela estava a gozar comigo? Pior, Ela (se é que era mesmo Ela) sabia a minha morada, que eu morava sozinho e estava no trabalho. Seria algum esquema para me assaltar a casa? Tinham passado quarenta e cinco minutos quando o telemóvel vibrou novamente.
Bzzt Bzzzt! Bzzt Bzzzt!
DAQUI A 30 MINUTOS VOU BATER À TUA PORTA
Bzzt Bzzzt! Bzzt Bzzzt!
SE NÃO ESTIVERES LÁ PARA ME RECEBER VOU EMBORA E NUNCA MAIS ME VOLTAS A VER
Nem tive tempo para ficar aliviado. Trinta minutos? Merda! Trinta minutos? Mesmo a esta hora sem transito iria ser á justa. Ainda pensei em responder à mensagem pedindo mais tempo, mas algo me dizia que não iria adiantar de nada e só iria perder tempo. Tinha de conseguir chegar a tempo. Peguei no casaco saltei da cadeira e corri para a saída. De passagem disse à rececionista:
– Vou ter de sair. Se perguntarem por mim diz que não me estava a sentir bem.
– OK. Realmente está muito vermelho e ofegante. Deve estar com febre… – ouvi-a responder quando já estava a abrir a porta para as escadas de emergência.
Desci os seis pisos até ao parque a correr, dois degraus de cada vez. Ao chegar ao carro por momentos entrei em pânico porque não encontrava as chaves, mas lá apareceram num dos bolsos do casaco. Sai a conduzir quem nem um louco com um só pensamento na cabeça. Não pode estar transito.
Passados todos estes anos já a conheço bem o suficiente para saber a razão pela qual levou tanto tempo a responder à minha mensagem com a morada. Durante esse tempo deve ter se deslocado até minha casa, para saber quanto tempo eu demoraria a fazer o percurso. Depois esperou calmamente que eu fizesse o percurso sob pressão, para aumentar o meu nível de stress. Nessa altura não tinha maneira de saber isso. Só queria chegar a tempo de a receber. Não podia deixar escapar esta oportunidade que seria (literalmente) única.
Entrei no meu apartamento exatamente vinte e oito minutos depois de ter recebido a sua mensagem. Apesar de estar um dia frio tinha a camisa toda transpirada do stress. Tirei rapidamente a camisa e ponderei se tinha tempo de tomar um duche. Não. Não tinha. Limpei– me com uma toalha e apliquei uma dose de desodorizante nos sovacos. Teria de servir. Coloquei um pouco de agua de colonia e bocejei com elixir. Corri para o quarto e peguei numa camisa lavada. Tive o cuidado de escolher uma camisa azul parecida com a que usei de manha (não queria que Ela percebesse que tive de trocar de camisa, não sei porquê, mas não queria). Estava a acabar de me abotoar quando a campainha tocou. Olhei para o vídeo porteiro, era Ela, claro, quem mais havia de ser. Abri a porta de entrada do prédio e fui para a porta de entrada para a receber. Respirei fundo coloquei o meu sorriso mais confiante no rosto (afinal aquela Mulher queria-me, não havia razões para estar nervoso) e esperei por Ela.
Ela saiu do elevador, dirigiu-me um sorriso, e passou por mim, sem me dirigir a palavra, entrando como se a casa fosse dela. Trazia consigo uma pequena mala tipo troley, talvez com o portátil.
– Olá. Bem-vinda à minha humilde casa. – disse sorridente, e apontando para o troley acrescentei:
– A vizinhança é segura, mas também não costumo deixar o portátil no carro.
– Sim? Não é bem o portátil, e não é por uma questão de segurança, é mesmo porque são coisas que podem ser necessárias! – foi a enigmática resposta que obtive, acompanhada de uma ainda mais enigmática gargalhada.
– Posso guardar o teu casaco?
– Ainda não. Ainda não sei se vou ficar tempo o suficiente para o tirar.
O meu ar de espanto e desapontamento deve ter sido tão evidente que Ela colocou um sorriso conciliador e disse:
– Vamos sair do hall de entrada? Podemos ir para um local onde possamos falar mais confortavelmente?
– Sim, claro. A sala é por aqui.
Ela entrou na sala sentou-se no sofá, cruzou a perna. Eu também pensei em me sentar, mas da forma como Ela se posicionou ficar de pé era a única maneria de ficar virado de frente para Ela, por isso optei por me manter de pé.
– Se eu vou ficar ou se me vou embora é unicamente uma opção tua.
– Eu quero que fiques. – interrompi eu imediatamente.
– Antes de decidires isso recomendo que me ouças até ao fim. Além disso detesto ser interrompida quando estou a falar.
– Ok!
– Eu para ficar só imponho uma pequena condição, só uma, mas não é algo que devas aceder de animo leve.
Acenei com a cabeça em concordância. Não me atrevia a voltar a interromper.
– Se quiseres que eu fique só tens de concordar em obedecer a todas as minhas ordens enquanto eu aqui estiver. Quando digo todas é mesmo todas. Sem reclamar, sem hesitar, sem contestar. Tudo o que eu mandar tu simplesmente obedeces.
– Bem, isso não é apenas uma pequena condição, é muito mais que isso. Tudo? Tudo o que?
– Pois, se calhar é mesmo mais que apenas uma pequena condição. Mas comigo é assim que as coisas funcionam. Ou tudo o que eu quero, ou nada e vou-me embora imediatamente. Decide. Pensa bem, mas pensa rápido não me faças perder tempo.
O silencio instalou-se enquanto Ela aguardava a minha resposta.
Que raio. O que é que Ela queria dizer com “obedecer a todas as minhas ordens”? Como é que eu podia dizer que sim a algo desse género. Nem sequer a conhecia minimamente. Mas se não dissesse que sim Ela iria embora, e eu não queria que Ela se fosse embora. Os pensamentos sucediam– se em catadupa na minha mente, tentando medir as consequências da resposta que iria dar. Por duas vezes abri a boca para responder, mas voltei a fecha-la sem dizer nada.
– Tic tac. O tempo está a passar, e o meu é demasiado precioso para ser desperdiçado com indecisões. Vou ou fico? Preciso de uma resposta.
– Fica. Por favor fica.
– E se eu ficar?
– Eu aceito a tua condição.
– Preciso do o ouvir da tua boca. Se eu ficar?
Suspirei, já a ficar um pouco aborrecido com todas aquelas exigências.
– Se ficares eu irei obedecer a todas as tuas ordens.
– Muito bem. Lindo menino. – disse Ela com um sorriso – Vamos começar com as regras básicas. A partir deste momento não voltas a dirigir-te a mim por tu, apenas por você e terminas todas as frases com Senhora. Segundo …
– Senhora? Queres que eu te trate por Senhora? – interrompi eu espantado.
– Já vi que isto não vai resultar. És uma perda de tempo. Vou-me embora. – explodiu Ela com fúria enquanto se levantava e se dirigia para a porta.
– Não! Espera … digo, espere … digo espere Senhora. Fui apanhado de surpresa. Não há problema. Eu trato-te por Senhora. Desculpa … digo desculpe … Senhora. – lá fui eu dizendo atabalhoadamente enquanto a perseguia até a porta.
Ela foi abrandando o passo até que parou com a mão no puxador da porta a se voltou para mim e me fitou com um olhar gélido.
– Por favor fique Senhora. Dê-me mais uma oportunidade. Vai ver que não será uma perda de tempo. Vou obedecer a tudo sem voltar a questionar … Senhora.
Durante uns segundos Ela olhou intensamente para mim, olhos nos olhos, até que não aguentei mais o seu olhar e me vi obrigado a baixar o olhar. Isso pareceu agradar-lhe. Lentamente Ela regressou ao sofá o voltou a sentar-se.
– Não costumo dar segundas oportunidades, estás cheio de sorte, não sei o que se passa comigo hoje.
– Obrigado Senhora. – respondi rapidamente.
– E como já te disse, detesto ser interrompida. Que não volte a acontecer. Entendido?
– Sim Senhora.
– Ótimo. Onde é que eu ia? Já sei, segundo não falas a não ser que eu te dirija a palavra. Entendido?
– Sim Senhora.
– Terceiro. Não me olhas diretamente nos olhos. Quero o teu olhar sempre baixo, no chão. Entendido?
– Sim Senhora.
– Quarto. Sempre que eu te der o privilegio da minha presença quero-te ajoelhado a meus pés. Não te quero ver de pé, só quando eu mandar. Se por algum motivo tiveres que te levantar pedes primeiro. Entendido?
Abri a boca de surpresa. Não estava a gostar nada daquela conversa. Aquilo estava a ir longe de mais. Mas mesmo assim ouvi-me a dizer.
– Sim Senhora.
Duranta algum tempo ficamos em silencio. Eu de pé olhando para o chão e Ela sentada no sofá em silencio.
– Não és lá muito inteligente, pois não? Vou ter de te dizer tudo?
Mal Ela acabou de falar, fez-se luz e percebi o que Ela estava à espera. Envergonhado com a minha falta de discernimento ajoelhei-me à sua frente o mais rápido que consegui.
– Assim está melhor. Cinco. Sempre que eu estiver presente quero-te completamente nu. Entendido?
– Sim Senhora – estarmos nus era bom, significava que ela queria o mesmo que eu. Desta vez não lhe ia dar a oportunidade de me chamar de burro. Imediatamente me levantei e com um sorriso (que esperava ser sedutor) comecei a despertar a camisa.
– O que pensas que estás a fazer? Quem te autorizou a levantar? – disse Ela novamente, com fúria na voz.
Imediatamente me voltei a ajoelhar. Fui tão rápido que bati violentamente com o joelho esquerdo no chão com um baque. Uma dor tipo choque elétrico percorreu o meu corpo.
– Desculpe Senhora. Desculpe Senhora. Posso me levantar Senhora?
– Quero que entendas desde já uma coisa. Todas as tuas ações têm consequências. Todas, sem exceção. Se te portares bem, se fores um bom menino, irás ser recompensado e acredita que vais gostar da recompensa. Já se te portares mal, se não cumprires as regras vais ser punido e isso é algo que não vais querer que aconteça. Entendido?
– Sim Senhora.
– Então podes te levantar para tirar a roupa. Mas rápido que não tenho todo o dia.
– Sim Senhora.
Levantei-me o mais rápido que o meu joelho dorido permitiu. Imediatamente comecei a desabotoar a camisa.
– Trocaste de camisa?
– Sim Senhora…. a outra não estava … fresca! Reparou? – disse surpreendido.
– Eu reparo em tudo. – disse Ela com um sorriso.
Atirei a camisa para um canto. Tirei os sapatos meias e calças que seguiram o mesmo caminho. Deitei as mãos aos boxers e antes de os baixar olhei para Ela. Ela limitou-se a franzir ligeiramente o sobrolho e soube imediatamente qua não havia nada a acrescentar, sabia o que tinha a fazer. Baixei os boxers rapidamente e fiquei completamente nu em frente a Ela. Ela ainda nem sequer tinha tirado o casaco.
Desde que entrara em casa que estava com uma ereção. Era de prever que toda esta bizarra situação, todas estas mudanças de humor dela, todas as exigências estapafúrdias, todas as humilhações, o ter de me ajoelhar, o ter de me encontrar todo nu exposto a Ela tivessem acalmado os meus ânimos. Mas a verdade é que a cada ordem que recebia o meu pénis reagia ficando cada vez mais duro e ereto, quase ao ponto de rebentar. Assim que fiquei completamente nu essa ereção ficou orgulhosamente exposta, e fiz questão de atirar a anca para a frente o mais possível para ter o máximo de impacto visual possível.
Então Ela começou a rir.
– O que é isso? – disse Ela entre gargalhadas.
– És mesmo um menino com uma pilinha de menino! Isto é embaraçoso, pensei que ia fodida como deve ser e sai-me isto! Devia ter adivinhado! – continuou Ela.
Lentamente ajoelhei-me em frente a Ela. Tentava esconder o meu pénis nessa posição. Estava corado como um tomate. Nunca tinha sido tão humilhado na vida. Nunca achei que tinha um pénis pequeno. Sabia que nunca seria um ator de filmes pornográficos, mas também não era minúsculo, porra! Por momentos senti que ia chorar de fúria e frustração, mas contive-me. O meu pénis momentos antes ufanamente ereto tinha mirrado e estava reduzido a sua forma mais ínfima.
– Já vi que com isso nunca serás capaz de me dar prazer. Vamos ter de arranjar outra utilidade para ti. Vejamos o que se pode arranjar.
Não consegui dizer nada.
– Ultima regra. Estas proibido de tocar nessa pilinha de menino e de teres orgasmos sem minha autorização. Entendido?
– Sim Senhora. – murmurei.
– E quando digo que estás proibido de lhe tocar ou de te vires não é apenas quando eu estou presente. A partir de hoje és minha propriedade, tu e essa pilinha. Serás meu enquanto eu te quiser para mim, e enquanto isso acontecer não lhe tocas ou te vens sem minha autorização. Entendido?
– Sim Senhora.
– A seu tempo iremos tomar providencias para que não haja “acidentes”, mas para já o teu compromisso é suficiente.
– Sim Senhora. – murmurei mais uma vez.
– Não ouvi!
– Sim Senhora. – disse com o máximo de convicção que pude.
– Ótimo. A tua pilinha já é tão pequena que não quero correr o risco de não a conseguires por de pé quando eu te quiser excitado, porque te estiveste a masturbar sem autorização.
Tive um pequeno momento de fúria. Abri a boca para responder, mas acabei por a fechar sem dizer nada. Cerrei os dentes, baixei a cabeça e olhei para o chão à minha frente.
Neste momento Ela levantou-se e lentamente passeou à minha volta. Parou junto a mim e afagou por uns momentos o meu cabelo, como se estivesse a mimar o seu animal de estimação. Ondas de prazer percorreram o meu corpo e imediatamente voltei a ficar ereto. Discretamente inclinei-me na sua direção encostando ligeiramente a minha cara no cano da sua bota. Este simples contacto era bom. Era tão bom. Tão surpreendentemente bom.
Passados alguns momentos Ela quebrou o contacto e afastou-se.
Sem nunca levantar os olhos, usando apenas a visão periférica vi-a tirar a gabardine e pousa-la numa cadeira. Voltou a aproximar-se a parou à minha frente.
– Podes levantar a cabeça e olhar para mim.
Por baixo da gabardine apenas trazia vestida a roupa interior. Uns dedos acima de onde terminavam as botas terminavam as meias, que se encontravam presas a um cinto de ligas. As calcinhas minúsculas (não via a parte de trás, mas imediatamente adivinhei um fio dental) eram pretas, rendadas e condiziam com o soutien. Todo o conjunto era elegante e de bom gosto, provocador sem ser ordinário.
Imediatamente me interroguei se, quando falou comigo no café, Ela já estaria assim vestida (ou melhor despida) ou não. Mal esse pensamento passou pela minha cabeça senti o meu pénis a começar a pingar.
Merda Ela era linda. Naquele momento estava tão louco de desejo por Ela que faria tudo o que Ela quisesse. O problema é que pelo olhar dela não havia duvidas que Ela sabia o poder que detinha sobre mim, e que ia usa-lo.
Ela recuou, mantendo-se sempre de frente para mim e voltou a sentou-se no sofá. Com o indicador fez sinal para me aproximar. Por momentos comecei a erguer-me para caminhar em direção ao sofá, mas imediatamente me apercebi do erro. Lentamente gatinhei até me encontrar junto a Ela no sofá. Pela sua expressão deu para perceber que se tinha apercebido da minha quase falha e que estava contente com o meu comportamento.
Ela inclinou-se para mim, até aos seus lábios se encontrarem junto da minha orelha direita. Senti a sua respiração na minha pele o que me causou arrepios de prazer. Num sussurro disse-me:
– Beija as minhas botas. Prova-me que sabes qual será o teu lugar a partir de hoje.
Dito isto recostou-se para trás e esperou.
Lentamente baixei a cabeça até os meus lábios estarem a meros centímetros das sua botas. Por momentos hesitei. Não pensei no absurdo da situação. Não pensei na falta de higiene que era colocar a minha boca nas suas botas. Não pensei que mal a conhecia. Não pensei que intenções poderiam estar por trás dos seus atos. Não pensei em nada disso.
Não me perguntem porquê, mas naquele momento apercebi-me que me encontrava numa encruzilhada. A decisão que iria tomar naquele momento iria afetar para sempre a minha vida, depois daquele momento, daquele beijo, nada voltaria a ser da mesma forma. Ainda podia voltar atrás. Enquanto os meus lábios não tocassem na sua bota ainda podia voltar atrás. Será que podia? E será que queria?
Beijei pela primeira vez os seus pés. Já o fiz centenas, talvez milhares de vezes depois dessa vez, mas nunca me senti como dessa fez. Foi como se uma porta se abrisse. Senti que algo que sempre esteve preso dentro de mim, a querer sair, sem eu o saber, tivesse finalmente escapado. Foi intenso, foi poderoso, foi libertador.
Em simultâneo, no exato momento em que os meus lábios tocaram nas suas botas senti um pequeno vibrar do seu corpo. Apercebi-me que Ela voltava a respirar normalmente após ter sustido a respiração, enquanto esperava que eu me decidisse. O meu gesto tinha acabado de selar o meu, o nosso, destino. Ainda não o sabia, mas a partir daquele momento eu era dela.
Olhei para cima e no seu rosto havia um sorriso de satisfação. Os seus olhos brilhavam, flamejava de contentamento.
– Lindo menino.
Baixei os olhos para os seus pés e agarrei no seu pé direito com ambas as mãos e voltei a beijar a sua bota. E em seguida beijei novamente, e mais outra. Ia beijando primeiro lentamente e depois de forma sôfrega varias partes da sua bota. Ia beijando começando no pé e subindo pelo cano das botas acima. A certo ponto já não beijava, lambia e esfregava freneticamente o meu rosto no couro das suas botas.
– Chega.
A algum custo consegui controlar-me e parei a arfar.
– Tira-me as botas.
Com muito cuidado e algum custo (era a primeira vez que descalçava uma Mulher) consegui tirar– lhe as botas e coloquei-as cuidadosamente ao lado o sofá. Ela levantou-se. Desprendeu as meias do cinto de ligas e ordenou.
– Tira-me as meias.
Com as mãos tremulas de excitação toquei pela primeira vez na sua pele. No meu pénis completamente ereto senti mais uma gota de pré-ejaculação a formar-se e a cair no chão. Delicadamente tirei as suas meias uma de cada vez. Tentei fazê-lo o mais lentamente possível de forma a ir saboreando a sensação do toque das minhas mãos no seu corpo. Quando terminei Ela voltou a sentar-se.
– Massaja-me os pés. Estou a precisar.
Imediatamente comecei a massajar os seus pés. Na altura não tinha grande prática em massajar pés, por isso foi uma massagem muito desajeitada, se é que se pode considerar uma massagem, foi mais um amassar dos pés dela com as minhas mãos do que outra coisa. Passados uns momentos disse:
– Usa a boca.
Foi o que fiz. Beijei os seus pés nus. Lambi-os. Chupei-lhe os dedos, um a um, e todos ao mesmo tempo. Esfreguei o meu rosto (com a barba de meio do dia já a começar a despontar) neles. Cheirei-os. Aproveitei aquele momento ao máximo, toda uma panóplia de novas sensações que nunca tinha experimentado.
– Já chega.
Mais uma vez foi-me difícil parar, mas lá me consegui controlar e obedeci.
– Vamos lá ver se sempre me consegues dar o orgasmo que eu preciso. Afinal foi para isso que eu vim.
Novamente, usando o Seu indicador, fez sinal para me aproximar mais, enquanto abria as pernas.
Não foi preciso dizer nada, eu sabia o que Ela queria, o que eu devia fazer. Aproximei a minha cara do seu sexo, inspirei profundamente sentindo o Seu cheiro, e comecei.
Notei que Ela já estava bastante húmida, excitada, o que me deu uma enorme satisfação. Fiquei contente por essa indicação de que Ela estava a gostar, não por achar que iria ganhar algo com isso, mas porque, por qualquer motivo que naquele momento me escapava, eu queria que Ela gostasse, que Ela tivesse prazer.
Comecei timidamente, mas em pouco tempo já lambia sofregamente. Ela ia dando indicações de como queria, mas de pressa, mais devagar, naquele ponto, agora mais para cima. Eu ia tentando seguir as Suas indicações o melhor que conseguia. A dado ponto as Suas mãos tentaram agarrar o meu cabelo, mas como era curto demais não conseguia manter a pega o que a fez desistir e agarrar ambas as minhas orelhas. Arfei um pouco, com dor, mas não abrandei. A partir dai as indicações passaram a ser menos uma vez que Ela ia guiando a minha cabeça a seu bel prazer.
Conseguia perceber pelas reações do seu corpo que o orgasmo estava próximo. Largou finalmente as minhas orelhas e fechou as suas coxas, apertando a minha cabeça entre as suas pernas. Senti as suas unhas a cravarem-se nas minhas costas, a rasgarem a minha pele. Doeu, doeu muito. A minha primeira reação foi erguer a cabeça, mas o seu aperto firme não deixou, e o meu pequeno grito de dor saiu abafado no meio das suas pernas.
O orgasmo dela chegou de forma ruidosa, sacudindo o seu corpo com ondas de prazer. As suas pernas apertaram ainda mais a minha cabeça contra o seu sexo encharcado, fazendo com que também eu fosse sacudido. A forma como me apertou era tão intensa que não conseguia respirar e comecei a entrar em pânico, tentando escapar sem conseguir. Quando finalmente me libertou, de forma repentina. quase cai para trás.
Durante um bom par de minutos ficamos ambos imoveis, ofegantes, a tentar recuperar a respiração. Aos poucos fomos acalmando. Ela deitada para trás no sofá, de olhos fechados, eu ajoelhado no chão à sua frente. Tinha-me esquecido de manter os olhos no chão e observa-a. As suas pernas estavam completamente abertas, e tinha uma bela visão do seu sexo, húmido e brilhante, dos seus fluidos e da minha saliva. No meio das suas pernas o meu sofá de tecido apresentava uma enorme mancha. Olhei para baixo o chão, no local onde tinha estado ajoelhado tinha uma considerável poça devido ao meu pénis ter estado constantemente a pingar.
Finalmente Ela abriu os olhos, fechou as pernas e inclinou-se para a frente olhando para mim. Reagi mecanicamente e coloquei os meus olhos no chão.
– Bem, não foi fantástico, mas deu para relaxar. Foi melhor do que aquilo que esperava de ti, tenho de admitir. Nota oito pelo empenho, nota três pela técnica. Temos de trabalhar nisso.
– Obrigado Senhora. – respondi um pouco ofendido, achei que que me tinha portado muito bem, muito melhor que apenas um três…
– Estava mesmo a precisar de um orgasmo e pelo menos para isso serviste.
Fez uma pausa de alguns segundos.
– Não fosse teres-me deixado tão chateada e desiludida com essa coisa miserável que chamas de caralho até te deixava gozar.
Aqui não consegui aguentar, levantei o rosto e olhei diretamente para Ela, nos seus olhos. Estava incrédulo e ofendido. Porque é que estava sempre a gozar comigo e com a minha masculinidade. E como assim não me ia deixar gozar, depois de eu a ter feito gozar a Ela? Não chegava já de brincadeiras?
– Que parte dos olhos no chão é que não entendeste? – foi a sua resposta imediata acompanhada de um tremendo estalo. Imediatamente senti o calor e a dor a espalharem-se pela minha bochecha esquerda. Senti o olho a lacrimejar ligeiramente e envergonhado olhei imediatamente para o chão.
– Até te podia perdoar por estares sempre a desobedecer às minhas regras, mas ter perdido tempo em vir a tua casa, a pensar que ia ser fodida a serio, por um homem a serio e ser enganada desta forma é algo que não tem desculpa.
Ouvi em silencio, trincando o lábio para não responder. O estalo que me tinha dado tinha feito a parte de dentro da minha bochecha sangrar por isso tinha na boca o característico sabor a ferro. Ao morder o lábio com ele misturou– se o sabor dos sucos dela, que ainda se encontravam presentes em toda a minha cara.
– Por me teres desiludido desta forma vais ter de ser castigado! – continuou Ela, agora num tom conciliador, quase meigo até – Tens de aprender desde já aquilo que já te disse. Há consequências para todas as tuas ações, e quando falhas para comigo…
Ela levantou-se lentamente e caminhou em direção à mesa de jantar, no outro lado da sala.
– Anda, segue-me.
Mais uma vez fiz tenções de me erguer e mais uma vez me lembrei a tempo de que não o deveria fazer. De quatro segui-a até ambos estarmos junto à mesa. Ai chegados Ela ordenou:
– Levanta-te e tira tudo de cima da mesa.
Levantei-me e o mais rapidamente possível e coloquei tudo o que estava em cima da mesa no chão a seu lado.
– Encosta-te nessa ponta da mesa, e deita o tronco sobre ela.
Fiz o que Ela ordenou. Ela afastou-se e ouvi os fechos do seu troley a correr e coisas a serem retiradas. Passado uns momentos Ela regressou trazendo consigo algumas cordas. Começou por amarrar uma ponta de uma corda no meu pulso. Em seguida esticou a corda, fazendo-me espalmar completamente sobre a mesa e amarrou a outra ponta da corda numa das suas pernas, no lado oposto. Outra corda foi amarrada da mesma forma, esticando o meu outro braço em direção da outra perna da mesa. Seguiu-se uma corda que passou por baixo da mesa e em volta do meu corpo, na zona da cintura. Para finalizar fez-me abrir as pernas e amarrou cada um dos tornozelos a uma das pernas da mesa. Quando terminou voltou a afastar-se.
Enquanto a ouvia a mexer de novo no seu troley testei as cordas e verifiquei que mesmo que quisesse iria ser muito difícil me libertar, pelo menos sem me aleijar ou até mesmo partir a mesa, isto é se conseguisse. Um leve pânico começou a tomar conta de mim e comecei a transpirar. Passados uns momentos Ela voltou e colocou algo na mesa à minha frente.
– Levanta a cabeça.
Levantei a cabeça da mesa e nas mãos tinha uma mordaça em couro preto, com uma bola vermelha. Imediatamente a bola foi colocada na minha boca e começou a apetar o fecho na minha nuca. Olhei de relance para a mesa, à minha frente, onde estava pousado um flogger (na altura não sabia que o nome era esse, mas já tinha visto idênticos e sabia para o que serviam) também em couro preto. A minha cabeça foi pousada na mesa, Ela pegou no flogger e veio colocar-se atrás de mim.
– Que me dizes a vinte, para começar?
Mesmo que quisesse a mordaça não me permitiria responder por isso mantive-me em silencio.
– Bem, então se não tens objeções, vamos começar…
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